Existem indivíduos de nossa convivência, seja no trabalho, na
vizinhança ou no bar, que batem nas suas costas, te elogiam, te chamam de irmão
e até fazem declarações de amor. Até aí, tudo bem. Você pode até acreditar. Mas
nada melhor que o tempo para revelar o tamanho destas amizades e da capacidade
destas pessoas de mentir e enganar. Todos nós temos experiências nesse sentido.
Palavras são só palavras. Se hoje me disserem “eu te amo” ou me chamarem de FDP,
terei dificuldade para identificar o que é ofensa e o que é elogio.
Antigamente, negócios eram feitos verbalmente. Palavras
valiam tanto quanto contratos. Como dizia vovô, “eu sou um homem de palavra”.
Simples assim. Hoje, palavras são vomitadas sem o mínimo de preocupação com a
verdade, com a moralidade. Temos grandes homens de discurso na TV, no rádio, nos
blogs, nas entidades civis, nos
partidos políticos, nos eventos... Discursos, palavras e mentiras. Palavras
para enganar, para persuadir, para tirar proveito, para denegrir. A falta de
cuidado com a palavra se dá, inclusive, institucionalmente, por entidades
civis, empresas e órgãos públicos. Neste caminho, bocas viram cloacas e ouvidos
viram privadas. Filtrar muito bem as informações torna-se essencial para a
sobrevivência na sociedade egoísta em que vivemos.
Pessoas se escondendo atrás de palavras e de discursos
prontos. Você conhece alguém assim, não é? Pois é, mas existem piores. Os que
fazem discurso, mas não vão para a prática, podem ser desmascarados com maior
facilidade. Então, entram em cena outros personagens: aqueles que além de
discursos, agem de maneira politicamente correta. Muito bom! Lutamos para
fortalecer a participação cidadã em todos os espaços democráticos. Porém, esta
participação precisa ser consciente, voltada para os interesses da coletividade.
O que se vê, muitas das vezes, são pessoas ocupando espaços de debate, a mídia
e realizando eventos sociais ou ambientais para se promover. Discursam e
trabalham como o melhor dos cidadãos, entretanto, escondem interesses próprios.
Têm fala mansa, boa oratória e carregam bandeiras. Ganham admiradores e
seguidores. Só um detalhe: “nada de embates, não podemos criticar, nos opormos
ao sistema”. É o trabalho politicamente correto e politicamente aceitável. Mas
o tempo, outra vez, aparece para revelar a essência das pessoas, tirar as
vestimentas, arrancar as máscaras. Portarias, cargos, status caem no colo como um prêmio inesperado e consagram uma luta.
Viva! O objetivo foi alcançado. E a luta continua, com belos discursos e “ações”,
cargos e benefícios. E o sistema também continua, sem oposição e com as
máscaras da dignidade, convencendo a massa, corroendo a massa.
Roberto Noronha
Publicado no Blog do Vinícius Peixoto em 06/06/13.
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