Mais do Mesmo
Sai o café do trabalhador e entra
o lanche do operário, sai o cartão cidadão e entra o cartão dignidade, sai a
SECAF e entra a COMSERCAF, sai o seis
e entra o meia dúzia. Troca-se a capa
e mantém-se o conteúdo. MM e AC: o mesmo modelo pernicioso de governar. Uma
sociedade de benefícios, ideias e práticas escondida por uma falsa briga que
mantém a política cabo-friense polarizada e amarrada na mão de um único grupo.
Esse Café com Leite Cabo-friense
explora de forma irresponsável os royalties do petróleo para manter uma cidade
“meia-bomba”, ao passo que enriquece algumas dezenas de sócios desse grande
negócio que é governar Cabo Frio.
Cidade meia-bomba
Vivemos duas realidades no mesmo
espaço. O atual governo de 20 anos investe em projetos que, aos olhos dos
turistas e dos desatentos, vende uma cidade bacana. E pior, dá uma falsa
sensação a uma parcela dos munícipes que está bom, está dando certo.
Que delicia morar em Cabo Frio.
Uma linda praia com uma praça das águas e outra da cidadania, tem ótimos shows free, pago só R$0,50 para andar de ônibus, faço academia de graça,
o governo dá o café da manhã, o meu vereador arruma exame médico e remédio pra
mim... É o governo da dignidade e a cidade para o cidadão. Está ótimo, né?
Em contrapartida, muitas
residências não tem abastecimento de água, o esgoto é lançado no solo, em rios
e lagoas, os serviços de educação e saúde são precários, a segurança pública
não existe, os jovens não têm perspectivas, muitos dependem do sistema
político-eleitoral para trabalhar (ou só ter renda)... Isso é normal para uma
cidade rica? É digno?
Dura realidade
Resumindo, através de um governo
de pão e circo, a população é conduzida a aprovar e renovar um sistema que não
investe no desenvolvimento humano, um sistema propositalmente sem transparência
e sem participação cidadã efetiva, um sistema administrado a partir de nebulosos
acordos, contratos, obras, favorecimentos e enriquecimentos. E os vereadores:
peças importantes desse sistema. E a mídia (falada, escrita e virtual): na
maioria, dependente de patrocínios do sistema.
Poderíamos ser uma cidade modelo
e termos os melhores índices de desenvolvimento humano, de educação, de
segurança... Mas o sistema não permite.
Como mudar?
Como pode isso tudo acontecer?
Porque o judiciário não enxerga o que muitos cidadãos observam rotineiramente?
Até que ponto vamos chegar?
Acredito que tão logo viveremos
uma nova e mais justa realidade. Leis como a da transparência e a de
responsabilidade fiscal e a de acesso à informação, bem como as políticas
nacionais em andamento que obrigam os municípios a atingir metas, estão
contribuindo para uma administração pública mais responsável. Além disso, a
população, mesmo que lentamente, vai amadurecendo sua cidadania, questionando e
participando mais. Vamos chegar lá, acreditem. Divulgar as informações e
incentivar a participação são medidas ao alcance de todos. Comecemos imediatamente!
Roberto Noronha
Publicado no Blog do Vinícius
Peixoto em 23/05/13.
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