O lixo é um tesouro. A partir de
políticas públicas de incentivo e projetos de empresas privadas, os resíduos
sólidos podem gerar emprego e riqueza, seja pela reciclagem, produção de gás
combustível ou produção de energia. Riquezas são geradas também por baixo dos
panos, através das máfias do lixo.
Em Cabo Frio, os resíduos sólidos
movimentam milhões de reais. Em 2012 foram gastos pela extinta SECAF cerca de
R$ 80 milhões em varrição (nada menos que 120 empresas prestadoras de serviço),
coleta de lixo (empresa Limpatech) e destinação final (Aterro Sanitário Dois
Arcos). Só a Limpatech mordeu R$ 32 milhões em 2012 para recolher o lixo na
cidade. Isso representou para cada habitante R$ 428,00. Como nossa população,
além de estar crescendo, está melhorando sua renda e, consequentemente,
consumindo mais; mais resíduos sólidos serão produzidos, o que provavelmente
aumentará os gastos da prefeitura no setor.
Deixando de lado a “estranha”
extinção da SECAF para a criação da COMSERCAF, precisamos buscar soluções para
reduzirmos os gastos públicos com o lixo e buscarmos alternativas para torná-lo
fonte de emprego e renda. Podemos pensar em: a) criar programas de educação
ambiental para a população reduzir sua produção de resíduos, reutilizá-los e
reciclá-los; b) estabelecer mecanismos de controle das empresas que atuam na
gestão dos resíduos (Quanto de lixo é levado para o aterro sanitário
diariamente? Quem controla isso? Pagamos R$55,00 por tonelada); c) garantir o
controle social da gestão dos resíduos sólidos (São necessárias 120 empresas de
varrição em Cabo Frio? Como se deu a contratação delas? Estas empresas são
fiscalizadas?); d) desenvolvimento de projetos que visem o reaproveitamento de
matérias como pneus e cascas de coco; e) implementar programa municipal de
coleta seletiva e construção de usina de reciclagem ou centro de triagem; entre
outras coisas. Tratar destas questões pode definir se o lixo será uma fonte de
riqueza ou continuará trazendo “prejuízos” à população cabo-friense.
Estamos no momento certo para
discutirmos isso. Através de uma empresa de consultoria (Serenco), contratada
pelo Consórcio Intermunicipal Lagos São João, está sendo elaborado o Plano
Municipal de Saneamento Básico de Cabo Frio. Este plano, atualmente em fase de
diagnóstico, definirá o que o município deverá fazer nos próximos 20 anos nas
áreas de abastecimento de água, tratamento de esgoto, drenagem urbana e
gerenciamento dos resíduos sólidos. A população não só pode como tem a
obrigação de participar da elaboração deste plano. A qualidade de vida de nossa
população está em pauta. Vamos participar?
Roberto Noronha
Publicado no Blog do Vinícius Peixoto em 09/05/13.
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