quinta-feira, 15 de abril de 2010

Mais de 223 mil já morreram em 2010 por terremotos

Amauri Arrais

O ano de 2010 pode ficar marcado por um recorde trágico: aquele em que mais pessoas morreram vítimas de terremotos. Apenas nos quatro primeiros meses, as vítimas de tremores já somam 223.542, segundo o Centro de Pesquisas Geológicas dos EUA (USGS na sigla em inglês), que monitora terremotos em todas as regiões do globo.

O número é inferior apenas a 2004, quando 227.898 morreram após o tremor de magnitude 9.1 que atingiu a costa de Sumatra, na Indonésia, e foi seguido por um tsunami que atingiu 13 países no Oceano Índico.

Embora o governo do Haiti tenha divulgado um número de mortos superior ao provocado pelo tsunami de 2004, o USGS considera o número de mortes confirmadas pela Coordenação de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Em 13/04/10, um forte terremoto de 6,9 graus de magnitude atingiu a província de Qinghai, na China, deixando ao menos 589 mortos e cerca de 10 mil feridos. Foi o terceiro maior do ano em número de vítimas, segundo o centro americano, mas de efeito menos danoso se comparado ao abalo que devastou o Haiti em 12 de janeiro – matando mais de 223 mil pessoas.

Para o pesquisador de terremotos João Willy Corrêa Rosa, sismólogo da UnB (Universidade de Brasília), o tremor teve efeito reduzido se levada em conta a população da China – onde vivem mais de 25% da população mundial – e a região, “uma das mais sísmicas”. “A região fica no encontro da placa da Índia com a da Ásia, a mesma que causou a formação [da cordilheira] do Himalaia”.

O grande número de mortos por terremotos até agora também não indicam uma atividade sísmica acima da média em 2010, segundo o sismólogo. “Não há atividade acima da média. Terremotos como o do Chile [de 8.8 de magnitude] ocorrem uma vez a cada dez anos. Já um como este do Tibete ou o do Haiti ocorrem dez por ano”, diz.

A explicação, afirma o sismólogo, é que o número de mortos não é determinado pela magnitude do tremor e, sim, por fatores como a profundidade (quanto mais superficiais, maiores podem ser os danos) e a proximidade de áreas mais habitadas.

“O terremoto do Haiti, apesar de grande, não foi dos maiores. O terremoto do Chile teve 30 vezes mais energia liberada que o do Haiti ou este no Tibete. No caso haitiano, houve a infelicidade de o epicentro estar embaixo da maior cidade [Porto Príncipe]. Além de ser um país pobre, com casas mal construídas, o que ocasionou as centenas de milhares de mortos”, afirma.

Previsão

Já no caso do terremoto na Indonésia em 2004 – o maior em número de mortos e afetados – colaborou o fato de que a costa do Oceano Índico, à época, ainda não tinha um sistema de alerta de tsunami.

“O tsunami é um fenômeno que nós conseguimos prever que vai haver, mas não ocorre cada vez que tem um terremoto no mar. Tem que haver condições específicas. O de 2004 aconteceu num local que não tinha rede de alerta instalado, o que pegou a população desprevenida.”

Segundo João Willy Corrêa Rosa, embora a tecnologia disponível desde então permita monitorar áreas com maior risco de terremoto e os tsunami, que são conseqüência dos tremores, ainda não é possível prever os abalos.

Fonte: G1.

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